A volta da política!

O início do governo Lula parece encerrar um processo de desvalorização da política e dos políticos iniciado nas manifestações de 2013 e que ganhou força e corpo por meio da Lava Jato.

Entre 2016 e 2018 o discurso da antipolítica se tornou majoritário e foram eleitos para cargos públicos centenas de outsiders ou políticos que conseguiram surfar nessa nova onda.

Wilson Witzel no Rio de Janeiro, Romeu Tema em Minas Gerais, Carlos Moisés em Santa Catarina, Marcos Rocha em Rondônia, João Doria em São Paulo, entre tantos outros. O ex-presidente Jair Bolsonaro negou seus 30 anos de Câmara dos Deputados para se posicionar como o maior defensor da antipolítica no Brasil.

No mundo real, a maior parte dos governos comandados por outsiders sucumbiu e os motivos foram diversos, como a falta de capacidade de gestão ou diálogo, desconhecimento da máquina pública, escândalos de corrupção, excessos midiáticos, brigas de ego…

Em 2020 o navio começou a mudar de direção e políticos de carreira voltaram a vencer eleições importantes. Mais do que isso, exaltando sua trajetória e vivência política, como fez Bruno Covas em São Paulo.

Em Brasília, Bolsonaro abraçou o centrão e trouxe a “velha política” para o centro de seu governo, um acerto enorme, que diminuiu a tensão no país.

Na última eleição, quem apostou suas fichas na antipolítica para cargo executivo ficou pelo caminho.

O novo ministério de Lula é composto basicamente por políticos. São 4 ex-presidenciáveis em postos chave, ex-governadores, senadores, deputados.

Em São Paulo, o político de primeira viagem Tarcísio se cercou de Gilberto Kassab e Guilherme Afif, dois dos políticos mais experimentados do país. (Ambos ex-ministros petistas)

Claro que esse discurso ainda sobrevive (e sobreviverá sempre) em grupos específicos e será representado por parlamentares de nicho.

Após anos na “marginalidade”, a política está de volta ao centro do poder. E orgulhosa de si mesma.