O bolsonarismo é maior que o Bolsonaro
Em silêncio desde que foi derrotado na eleição presidencial, Bolsonaro apostou na radicalização de sua base mais fiel para manter o protagonismo político e, quem sabe, manter o poder por vias golpistas.
A estratégia foi inspirada em Donald Trump, que perdeu a eleição, radicalizou seus seguidores, causou uma grande balburdia com centenas de presos e hoje é investigado criminalmente.
Como em um remake de filme ruim, assistimos no Brasil as mesmas cenas da invasão do Capitólio, com o nosso toque tupiniquim: Coco na mesa, urina em tapeçaria, quadros depredados e um monte de idosos confusos e presos.
A barbeiragem bolsonarista uniu as instituições brasileiras de uma forma poucas vezes vista no país e jogou o bolsonarismo momentaneamente para a marginalidade do sistema político.
A questão é: O bolsonarismo é hoje uma força política consolidada no Brasil, com centenas de representantes eleitos na Câmara e Senado, além de governadores, prefeitos, vereadores e simpatizantes no judiciário, MP, Forças de segurança e na sociedade de modo geral.
Apesar levar o nome do clã de ex-presidente, o Bolsonarismo é maior que a família Bolsonaro e representa ideias e anseios de uma parte considerável da sociedade brasileira.
Bolsonaro deu inúmeras mostras de que não tem capacidade de lidar a oposição ao Governo Lula, assim como seus filhos, que são vistos com desconfiança por muitos e como párias por outros tantos.
Ao que tudo indica, o futuro do bolsonarismo depende do surgimento e o fortalecimento de novas lideranças, que consigam crescer apesar da existência do clã Bolsonaro.
Uma missão delicada, já que o ex-presidente e seus seguidores já mostraram que jogam pesado com quem busca disputar espaço sob os mesmos holofotes.