“Estamos nos tornando gado, animais de consumo de dados”

Infocracia é, de longe, o livro mais interessante que li em 2022.

Em pouco mais de 100 páginas dispostas em um volume de bolso, o filósofo e professor sul-coreano radicado na Alemanha, Byung-Chul Han, teoriza sobre o impacto da digitalização sobre as democracias liberais.

Para Han (e muitos outros estudiosos), a digitalização da vida acaba com os espaços públicos de debate e transforma o cidadão em consumidor.

A política deixa de ser vista pela ótica da racionalidade e passa a ser consumida como entretenimento, um “gosto”.

É a comunicação afetiva, que mexe com sentimentos como indignação, raiva, frustração, medo e inibe o pensamento racional.

Afetos são mais rápidos que a racionalidade. Em uma comunicação afetiva, não prevalecem os melhores argumentos, mas as informações com maior potencial de estimular.

Esse é um terreno fértil para a disseminação de notícias falsas. As fake News são construídas para mexer com os afetos e provocar emoções fortes.

Os afetos são muito mais rápidos e ágeis do que a verdade. Eles sempre vão chegar primeiro.

Sem espaço públicos de debate e com a informação enviesada por afetos (gostos) acabamos moldando o mundo com base somente em nosso umbigo, eliminando a presença do outro, do contraditório, de quem pensa diferente.

Sem a presença do outro, a opinião é doutrinária, dogmática.

Essa é a conclusão do livro: A crise da democracia é uma crise da escuta. Falamos entre nós. O outro está desaparecido.

Não podia deixar de falar que foi o @mmarinhomkt que indicou o livro. O cara é brabo!