A crise da verdade
Esse é o terceiro e último post sobre o conteúdo do livro Infocracia (e se você não leu os últimos dois indico fortemente que volte as casinhas do meu Feed e comece por lá).
Para o filósofo Byung-Chul Han, vivemos um período de crise da verdade, causada pela digitalização da vida e a comunicação de afetos.
Na era das fake News, desinformações e teorias da conspiração, a verdade se extraviou. Passam a circular então informações totalmente desacopladas da realidade.
A notícia falsa do momento afirma que o Papa Francisco disse que a Bíblia está totalmente desatualizada e ele criará um livro para substituí-la. Nada nessa narrativa é calcada na realidade.
A crise da verdade ganha força no espaço em que a sociedade se desintegrou em agrupamentos ou tribos e as possibilidades de conciliação são cada vez mais remotas. Para os grupos bolsonaristas, o Papa é comunista e por isso qualquer informação negativa sobre ele torna-se crível.
A verdade é um regulador social. Na crise da verdade perde-se o mundo comum, a linguagem comum.
Recentemente o Governo Federal sancionou a Lei que equipara os crimes de injuria racial e racismo. Dentro da Lei existe um mecanismo que agrava a pena quando o delito for cometido com o intuito de descontração, diversão ou recreação.
O ex-deputado Arthur do Val (Mamãe Falei) publicou um vídeo afirmando que a Lei busca prender humoristas de direita e favorecer os de esquerda.
Arthur não é um mentiroso clássico. É um oportunista que afirma de forma inescrupulosa tudo que lhe convém. Para ele e tantos outros, a realidade factual é indiferente. Seu objetivo é anular a própria diferenciação entre verdade e mentira.
Uma fake News não é uma mentira. É um ataque à realidade dos fatos. Quem propaga notícias falsas busca alterar a realidade.
Um fake news tem sempre um interesse, um objetivo, por trás.