É muito mais que futebol

Essa semana Cristiano Ronaldo, aos 38 anos, estreou pelo seu novo clube, o Al Nassr da Arábia Saudita. Já em fim de carreira, CR7 receberá anualmente mais de R$ 1 bilhão por ano. Cerca de R$ 3 milhões por dia.

A contratação de CR7 por um time inexpressivo no futebol mundial mostra que o futebol nem sempre é sobre futebol.

Ronaldo faz parte de um plano ambicioso da ditadura saudita, que busca esconder as mãos cheia de sangue por baixo de um tapete de grama verde.

Algo realizado com sucesso pelo Qatar recentemente. O país, até então destaque internacional somente pelo petróleo e as constantes violações de direitos humanos, sediou a Copa do Mundo de 2022 e, apesar de críticas pontuais, saiu com a imagem ressignificada perante a comunidade mundial.

A estratégia nasceu lá atrás, com a compra do PSG, clube francês, pelo governo do Qatar. De time mediano em um campeonato de 2 linha, o PSG se tornou um dos mais ricos do planeta, capaz de pagar uma fortuna para contratar Neymar do Barcelona.

O jogador brasileiro inclusive foi o grande rosto do projeto do Qatar, que recebeu Mbappé na sequência e Messi mais recentemente.

A tarefa de CR7 é muito mais cabeluda do que a enfrentada por seus colegas do PSG. A Arábia Saudita é uma ditadura sanguinária e orgulhosa, onde mulheres, homossexuais, cristãos e outras minorias religiosas são perseguidas e dissidentes políticos assassinados.

No caso mais gritante, o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman foi acusado de planejar o assassinato e o desmembramento de um jornalista dentro da embaixada do país na Turquia.

A Arábia Saudita também é acusada de financiara grupos terroristas sunitas, como a Al Qaeda, o Talibã e o Estado Islâmico e de esconder terroristas em seu território.

Nos planos sauditas está a Copa do Mundo de 2030, que terá a sede anunciada em 2024. Cristiano Ronaldo chega para ser a cara desse projeto.

Apesar da vida de xeique no Oriente Médio, CR7 é mais um peão no jogo geopolítico internacional.