O Rei Bibi
Benjamin Netanyahu: o precursor da extrema-direita
Após 3 meses de convulsão social, com protestos diários, prisões, carros pegando fogo e uma ferrenha disputa de narrativas entre governo e oposição, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recuou.
Netanyahu é político que permaneceu mais tempo no cargo na história do país. Ele já havia sido primeiro-ministro de 1996 a 1999 e, depois, de 2009 a 2021, quando renunciou após denuncias de corrupção.
Bibi, como é conhecido, fez na semana passa um pronunciamento messiânico, se comparando ao Rei Salomão, personagem bíblico extremamente importante para a história de Israel e filho de Davi (aquele do Golias).
Salomão julgou qual entre duas mulheres postulantes era a verdadeira mãe de um bebê.
Ele entregou a criança para aquela que renunciou ao seu pleito quando ele disse que partiria o bebê ao meio para que cada uma ficasse com um pedaço. Assim como o monarca bíblico, Bibi afirmou que precisou tomar uma decisão diante de dois lados que se colocavam sobre a reforma no judiciário que propôs.
O primeiro-ministro de Israel é um político de extrema-direita aos moldes de Trump, Bolsonaro e Orban. Ele foi pioneiro na arte de atacar a imprensa “preventivamente” como forma de ofuscar casos de corrupção e erros de seu governo.
Neste terceiro mandato, que se iniciou no fim de 2022, construiu uma coligação com partidos de extrema-direita e partidos Ultraortodoxos, formando o governo mais conservador e reacionário da história de Israel.
Em poucos meses de governo e fortalecido por uma ampla base no parlamento, Bibi apresentou uma reforma do Judiciário que retira poderes da Suprema Corte.
Não é coincidência que todo governo com projeto autoritário ataque frontalmente o judiciário. Aconteceu nos EUA de Trump, no Brasil de Bolsonaro, na Venezuela de Maduro, na Hungria de Orban. A fórmula é sempre a mesma.
Os projetos apresentados por Bibi desencadearam uma das maiores disputas políticas e sociais da era moderna de Israel. Apesar disso, ele continua com apoio no parlamento e na sociedade israelense.
A volta de Bibi ao poder mostra que as estratégias políticas e de comunicação da extrema-direita seguem funcionando.