Traição na política
Um dos livros mais difíceis e complexos que me obriguei a ler “A Divina Comédia”, do italiano Dante Alighieri. A obra, escrita em cantos e versos em 1321, é uma tortura para um leitor desacostumado com o estilo.
Dante narra sua passagem pelos círculos Inferno. O último Círculo, o 9º, o fundo do inferno, é destinado aos traidores. Lá estão Judas, Caim, Brutus e Cássio e o próprio demônio.
A traição de modo geral e na política mais especificamente faz parte da vida e do nosso imaginário desde sempre. A seus autores estão destinados os maiores castigos.
No Brasil, é de autoria de Leonel Brizola uma das frases mais célebres sobre o tema: “a política ama a traição, mas abomina o traidor”. (pelo amor de Deus: ele não falou no Twitter. É uma piada)
Tenho certeza que só de falar sobre traição na política você lembrou do ex-presidente Michel Temer, que puxou o tapete da companheira de chapa Dilma Rousseff. Muita água rolou por baixo dessa ponte desde então, mas Temer terá para sempre o carimbo de traíra na testa.
Outra grande traição recente foi de João Doria, ex-prefeito e governador de São Paulo, que atropelou o padrinho político Geraldo Alckmin. Como se sabe, Doria experimentou do próprio veneno e foi traído publicamente, sem nenhum pudor ou remorso, afinal ele “mereceu”.
Identificada com o PT desde sua fundação, Marta (Suplicy) abandonou o partido em seu pior momento, renegou companheiros históricos e votou a favor do impeachment de Dilma. Nunca mais se elegeu.
Sérgio Moro é uma grande exceção entre traidores (ao menos por enquanto). Julgado parcial em suas decisões contra Lula, aceitou um Ministério de seu adversário. Saiu do governo acusando Bolsonaro de diversos crimes, trocou o Podemos pelo UB no apagar das luzes e sem contar para ninguém. Disputou e venceu a eleição para o Senado contra um de seus padrinhos políticos.
É bom Moro colocar as barbas de molho. Como disse Brizola, a política ama a traição, mas…