Barrigada & Fake News & Discurso político

Recentemente fomos premiados pela CNN Brasil com uma das maiores barrigadas dos últimos tempos.

A empresa soltou uma matéria afirmando que falas do presidente Lula sobre a Guerra na Ucrânia prejudicaram negociações entre estatal Ucraniana Antonov e o Gov de SP.

Segundo a CNN, a Antonov investiria cerca de US$ 50 bilhões em 5 anos. A informação foi confirmada por nota da Secretaria de Negócios Internacionais.

A nota da Secretaria saiu com um tom muito mais político do que era prudente e se tornou arma dos críticos ao Governo Federal.

Qualquer pessoa com razoável conhecimento de política internacional ou economia desconfiaria das informações. Para um jornalista era obrigação.

Uma empresa estatal de grande porte não negocia com um estado antes de passar pelo Governo Federal. É praxe nas relações internacionais.

Além disso, a Ucrânia está em guerra. Sua economia teve uma retração de cerca de 30% no último ano e o FMI aprovou um empréstimo de US$ 115 bilhões ao país. Como uma estatal teria US$ 50 bilhões para investir?

Algum jornalista com o mínimo de razoabilidade decidiu fazer o básico. Checaram a informação com a sede da Antonov na Ucrânia, que negou a negociação e afirmou não ter representantes no Brasil.

E então “Fake News” voltou a dominar as redes sociais. Dessa vez eram os governistas que acusavam Tarcísio e o Gov de SP de propagar notícias falsas.

A CNN cometeu a famosa barrigada, um erro jornalístico por falta de rigor na produção da matéria. O erro faz parte do jornalismo, mas é diferente de uma notícia deliberadamente falsa.

A Secretaria de Negócios Internacionais errou no tom e soltou uma nota com claros objetivos políticos. Mas a reunião com “representantes” da Antonov realmente aconteceu. Os gestores paulistas podem ser acusados de inexperiência, infantilidade, falta de visão, falta de capacidade intelectual, mas não de propagarem fake news.

Barrigada, fake news e discurso político, no Brasil de 2023, extremamente polarizado, são conceitos moldados de acordo com os interesses de momento de cada grupo político.