Gorveno, governa. Oposição faz oposição
Parece óbvio, mas no Brasil essa dinâmica nunca foi tão clara como hoje.
A Reforma Tributária mostrou que, pela primeira vez, existe uma oposição organizada e coordenada de direita.
Apesar de discordar da estratégia de Bolsonaro, que ao se opor a aprovação de um tema que era consenso trouxe a derrota para seu colo, a votação deixou claro que o ex-presidente mantém o controle do seu grupo político e tem força suficiente para mobilizar cerca de 1/5 da Câmara dos Deputados.
É bastante coisa para um político que se recentemente ficou inelegível e deixou de ser opção de poder no curto período.
A esquerda sabe fazer oposição desde a década de 90. O PT votou contra o Plano Real, por exemplo. Vou também contra a reforma da previdência no governo passado. Fosse proposta por Lula teriam votado a favor dos dois casos.
Falta para essa direita radical um partido para chamar de seu. O PL, que abriga Bolsonaro, é essencialmente fisiológico e o Republicanos, que poderia se consolidar como um partido conservador e de direita, hoje flerta com o centro e o Governo Lula.
Outro problema gritante para essa oposição de extrema-direita é a baixa capacidade intelectual de alguns parlamentares eleitos. Acostumados a vídeos e gritos na internet, estão sendo engolidos por governistas e o centrão nos debates e votações na Câmara.
A entrevista do deputado Abílio Brunini após a votação da Reforma Tributária, dizendo que foi contra porque os comunistas eram a favor, é constrangedora até para uma criança recém-alfabetizada.
Mas, de modo geral, apesar de toda a polarização, o Brasil tem hoje uma democracia funcional. O Governo governa e a oposição faz oposição.
É assim que acontece em democracias liberais de todo o mundo.