Carla Zambelli, vaquinha e a engenharia de uma comunidade fiel

Nos últimos anos, vimos a ascensão de um novo tipo de liderança política: aquela que sobrevive não por causa das instituições, mas apesar delas. Carla Zambelli é um caso emblemático.
Politicamente isolada, inclusive por figuras que antes a apoiavam, como o próprio Jair Bolsonaro, Zambelli ainda consegue mobilizar recursos, engajamento e lealdade. A prova mais recente veio com a arrecadação de R$ 285 mil por meio de um crowdfunding político, em poucos dias, para pagar multas decorrentes de condenações judiciais.
O que isso revela?
Zambelli não tem só audiência. Ela tem comunidade.
Uma comunidade que a vê como mártir. Que compra sua narrativa de vítima resiliente. Que responde emocionalmente a cada nova crise como um chamado à lealdade.
Essa não foi a primeira vez que ela mobilizou recursos com sucesso. E a recorrência desse padrão revela uma engenharia simbólica e estratégica muito mais profunda do que aparenta. Cada post, cada frase, cada apelo emocional é parte de um ecossistema de narrativa.
Ela não precisa da institucionalidade. Construiu seu próprio sistema de sustentação política.
Para estrategistas e líderes, o recado é claro. Não basta ter seguidores. É preciso ter pertencimento.
Zambelli transformou cada seguidor em agente ativo. Construiu rituais, códigos e canais diretos. Criou a percepção de “nós contra eles”. E, no meio do isolamento político, provou que quem tem comunidade, sobrevive.
Essa é a nova política. Simbólica, emocional, conectada e resistente.
Se você comunica, lidera ou influencia, precisa estudar casos assim não com emoção, mas com técnica. Zambelli não é exceção. É sintoma de um modelo de poder em mutação.